A canoa e a construção da masculinidade entre o povo Sena
Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais
A canoa e a construção da masculinidade entre o povo Sena
Autor Correspondente: A. D. Braço | [email protected]
Palavras-chave: fotografia, Moçambique, Sena
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
No pensamento coletivo dos Sena apenas os homens podem esculpir e
criar, a partir de troncos de árvores, essas embarcações, cuja utilização representa
o âmbito da atuação pública (ROSALDO, 1979), as denominadas esferas
externas (MOTTA-MAUÉS, 1999), onde as atividades têm maior significação
e valoração social. Assim, os homens aprendem a remar, porque no sentido cultural,
isso os masculiniza (ALMEIDA, 2000), dando-os um status social e poder
diferenciados. E ao contrário, as mulheres são desencorajadas a remar porque
isso as levaria a des-feminização, pois remar é uma performance que é requerida
apenas aos homens e à afirmação da identidade masculina.
Portanto, este ensaio fotográfico que é feito de imagens obtidas no distrito de
Marromeu, província de Sofala, Moçambique entre o período de setembro de 2014
a janeiro de 2015, a partir de uma câmera fotográfica digital Sony NEX-F3, tem por objetivo retratar esses usos das canoas na cotidianidade, como uma expressão
cultural de afirmação e um modo de identificação dos homens. Este é um recorte
e faz parte de uma pesquisa mais ampla, em andamento, com vista a descrição
das representações coletivas (DURKHEIM; MAUSS, 2005) sobre as mulheres e
os homens do povo Sena, a partir das suas práticas, particularmente, àquelas que
são relativas às suas apropriações dos espaços geográficos, junto às margens do rio
Zambeze, nos modos de como esses demarcam as identidades sexuais.