Candomblé, uma religião de resistência

Caminhos de Diálogo

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ISSN: 2595-8208
Editor Chefe: Elias Wolff
Início Publicação: 01/07/2013
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Teologia

Candomblé, uma religião de resistência

Ano: 2014 | Volume: 2 | Número: 2
Autores: Márcia Meireles
Autor Correspondente: Márcia Meireles | [email protected]

Palavras-chave: resistência, diálogo, convivência

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O Candomblé é tido como uma religião de resistência, basicamente, por três motivos: primeiro, porque criou a estratégia de cooperação entre as diversas etnias africanas com intuito de sobreviver à escravidão, utilizando inteligentemente o sincretismo religioso das deidades africanas com os santos católicos, como estratégia efi ciente de burlar a proibição ao culto religioso e preservar suas tradições e culturas; segundo, conforme abordado neste trabalho, tem um rígido protocolo iniciático e sua vivência exige fé e disciplina, além de sua iniciação prescindir de um período considerável de reclusão, onde transe está presente em grande parte deste processo. Por fi m, o Candomblé é uma religião que resistiu à escravidão, à ilegalidade, aos ataques da polícia. Não raros os registros de ações em que a polícia invadia os espaços sagrados das religiões de matriz africanas, destruindo, vandalizando e apreendendo objetos de culto, agredindo e prendendo seus adeptos. Resistem até hoje os terreiros de candomblé à crescente especulação imobiliária dos lugares onde estão instalados. Resistem à violência, tantas vezes praticada por delinquentes “convertidos” às seitas cristãs, mas não abandonaram as antigas práticas criminosas. E mais recentemente, o Candomblé resiste bravamente às perseguições perpetradas pelo proselitismo das seitas que tem como base a demonização das suas práticas religiosas.



Resumo Inglês:

The Candomble is seen as a resistance religion, basically, because of three reasons: first, due to the cooperation strategy created among many African ethnicities in order to survive slavery, using religious syncretism of African deities with catholic saints in an intelligent way as an efficient strategy to mislead the prohibition to the religious cult and preserve their traditions and cultures. Second, as shown in this work, there is a rigid beginning protocol in its experience, which requires faith and discipline, besides prescinding from a reasonable reclusion time, in which trance is present in a big part of the process. At last, Candomble is a religion that resisted to slavery, to illegality, and to police attacks. Registers of police invasion actions to holy places of African religions are not rare, destroying, vandalizing, harming and arresting their followers. The Candomble yards have been resisting so far the increasing property speculation of their places. They resist to often violence of Christian sects converted offenders, who did not abandon their former criminal practices. More recently, Candomble bravely resists to persecution perpetrated by sects proselytism which is based on the demonization of its religious practices