CÉLULAS T CAR A CURA DO CÂNCER?

Jornal de Ciências Biomédicas e Saúde

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ISSN: 2446-9661
Editor Chefe: George Kemil Abdalla
Início Publicação: 31/05/2015
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Biológicas, Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Educação física, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Farmácia, Área de Estudo: Fisioterapia e terapia ocupacional, Área de Estudo: Fonoaudiologia, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Nutrição, Área de Estudo: Odontologia, Área de Estudo: Saúde coletiva

CÉLULAS T CAR A CURA DO CÂNCER?

Ano: 2019 | Volume: 5 | Número: 2
Autores: T. M. Bianco, D. R. Abdalla
Autor Correspondente: D. R. Abdalla | [email protected]

Palavras-chave: CART, TUMOR, IMUNOTERAPIA

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O câncer representa um grupo heterogêneo de doenças que tem origem na transformação clonal de células podendo afetar qualquer
tecido do corpo e, segundo a OMS (Organização mundial de Saúde), é a segunda maior causa de morte no mundo. A complexidade das
alterações moleculares observadas nas células neoplásicas e as modificações do microambiente tumoral são fatores relevantes na patogênese
da doença e tem impacto direto sobre o prognóstico, tratamento e sobrevida dos pacientes. O conhecimento do papel das células no
microambiente tumoral e dos mecanismos de imunovigilancia abriu novas perspectivas para o desenvolvimento de estratégias para eliminar
ou controlar a evolução da doença.
A imunoterapia é um campo da ciência que usa abordagens de biologia celular e molecular para tornar o sistema imunológico do
paciente mais eficientes no combate das células tumorais. Um dos avanços mais recentes nesse campo foi o desenvolvimento das células T
CAR (do inglês, Chimeric Antigen Receptor). Esse receptor quimérico é composto pela fusão de um fragmento da região variável de uma
molécula de anticorpo com as proteínas de sinalização de células T como as porções citoplasmáticas das moléculas co-estimulatórias CD28
e/ou 4-1BB e a cadeia zeta (ζ) do receptor de célula T (TCR). Na região extracelular, o fragmento de anticorpo da especificidade enquanto
que a composição da porção citoplasmática da CAR é responsável por gerar os sinais bioquímicos para a ativação tornando as da célula T
CAR mais sensíveis as células tumorais. Atualmente, existem diferentes protocolos e estratégias para combinar esses fragmentos e gerar novas
CAR. Esses diferentes protocolos resultaram no que chamamos de CAR de primeira, segunda e terceira geração. A estrutura dessas gerações
de receptores CAR implicam diretamente na ativação das células T e na intensidade das respostas imunológicas.

Essa imunoterapia consiste na retirada de linfócitos T do sangue periférico do próprio paciente por meio de um processo chamado de
leucoférise. Esses linfócitos T são então levados para o laboratório e, por meio de técnicas de engenharia genéticas, são modificados e passam
a expressar o receptor de antígeno quimérico (CAR). Essas células são expandidas e devolvidas ao paciente. Essas células T CAR são altamente
sensíveis a antígenos que são expressos pelas células tumorais. Desta forma, a exposição das células T CAR as células tumorais resultam na
ativação desses linfócitos e na indução de um processo inflamatório que induz a morte das células que expressam esses antígenos especifcos. 

Uma característica importante da terapia celular com uso das células T CAR é a necessidade de marcadores sejam expressos nas células
tumorais. Portanto é necessário reconhecer que embora eficiente, as células T CAR são usadas para o tratamento de alguns tipos de câncer e
que nem todos os pacientes podem ser elegíveis para o tratamento. Atualmente essa terapia é utilizada somente em alguns tipos de alguns
tipos linfomas e Mieloma Múltiplo. Nas Leucemias Mielóide Aguda (LMA) e em alguns tipos tumores sólidos estão em fase de testes préclínicos,
no entanto, a dificuldade de se identificar marcadores tumorais nessas doenças dificultam o uso dessa terapia.
Além disso, alto custo das células T CAR é um dos fatores mais relevantes e atualmente custa mais de um milhão de reais. O custo das
células T CAR não se limita apenas a sua produção, mas também recai sobre uma estrutura qualificada para receber e cuidar do paciente
durante o tratamento. Além disso, outro importante aspecto sobre a produção das células T CAR talvez seja sua produção em larga escala.
No Brasil, um dos centros de excelência na terapia celular é o Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP)
de Ribeirão Preto. Recentemente no Brasil, um paciente de 63 anos passou pela terapia com as células T CAR para tratar um tipo de tumor
hematológico chamado de linfoma. As melhoras foram relevantes do ponto de vista clínico e atualmente o paciente será acompanhado por
cinco anos para garantir que a doença não apresentará nenhum tipo de recidiva. Essa foi a primeira vez que um paciente foi tratado com essa
terapia na América Latina e foi realizado por pesquisadores do CTC da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto apoiado pelo
órgão de Fomento à Pesquisa do Estado De São Paulo (FAPESP).
Portanto, a terapia com uso de células para tratamento de doenças, em especial o câncer, tem se mostrado uma ferramenta muito
promissora. As células T CAR abre novas perspectivas para o tratamento de pacientes que já passaram por todas as terapias convencionais e
não obtiveram resultados dando uma chance de uma melhora ou até mesmo a cura desses pacientes. O investimento solido em pesquisa,
infraestrutura e qualificação dos profissionais da área pode ajudar a acelerar os avanços e tornar a terapia celular cada vez mais próxima do
paciente.