A controversa presença da cana nos assentamentos rurais nos últimos anos exige uma
cuidadosa reflexão sobre sua interferência no modo de vida dos assentados e na relação
dos assentamentos com a dinâmica do desenvolvimento regional. A presença da cana nos
assentamentos tem suscitado ao longo desse perÃodo conflitos internos, discussões, nada
consensuais, sobre o passado/ presente/ futuro dessas experiências. A análise da parceria
com as agroindústrias é atravessada, do nosso ponto de vista, pela noção de trama de
tensões. Nos termos em que a parceria vem se concretizando, temos discutido a
necessidade de desconstrução desse conceito calcado na matriz teórica de capital social e a
importância de submeter ao crivo analÃtico as desigualdades constitutivas desta polêmica
integração dos assentados às usinas de açúcar e álcool, bem como a construção de uma
agenda de polÃticas públicas de segurança alimentar, pautada nos princÃpios da produção
agroecológica de alimentos, na valorização da produção regional e na inclusão social de
produtores familiares assentados e trabalhadores rurais.