Aspectos psicossociais e desafios do retorno ao trabalho das vítimas de assédio moral

Revista Brasileira De Medicina Do Trabalho

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ISSN: 16794435
Editor Chefe: [email protected]
Início Publicação: 30/06/2003
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Medicina

Aspectos psicossociais e desafios do retorno ao trabalho das vítimas de assédio moral

Ano: 2010 | Volume: 8 | Número: 2
Autores: Débora Miriam Raab Glina, Liliane Reis Teixeira, Lys Esther Rocha
Autor Correspondente: Débora Miriam Raab Glina | [email protected]

Palavras-chave: Comportamento social, fatores de risco, reabilitação, saúde mental, saúde do trabalhador.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Contexto: Retornar ao trabalho após o assédio moral é um problema de saúde ocupacional. Objetivo: Analisar
a trajetória e percepções das vítimas de assédio moral no trabalho. Métodos: Pesquisa qualitativa com 13 casos
atendidos no Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, São Paulo, Brasil. Dados coletados em 2007 e 2008, por meio de 26 entrevistas semiestruturadas. Foi
realizada uma análise do conteúdo das entrevistas. Resultados: Características sociodemográficas: 67% do sexo
feminino, idades entre 29 e 55 anos, 94% caucasianos, 50% casados, 61% com filhos, 61,2% abaixo do nível universitário,
67% de São Paulo, 67% de organizações privadas, diferentes ramos de atividades econômicas e de postos
de trabalho. Após 1 ano, 47% retornaram ao trabalho, 38% ainda estavam afastados e 15% foram demitidos. O
retorno ao trabalho foi: na mesma empresa e durante a estabilidade (100%), no mesmo setor e cargo (50%), com
tarefas diferentes (83%). O assédio moral diminuiu para 50%; 80% avaliaram o retorno ao trabalho negativamente;
50% enfrentaram obstáculos para continuar seus tratamentos de saúde; 100% tiveram consequências para a saúde,
com afastamentos entre 6 meses e 5 anos e 50% com auxílio-doença acidentário. As principais atividades durante
a doença foram: tratamentos de saúde, tarefas domésticas e permanência em casa (85%). Conclusões: As três situações
– retorno ao trabalho, licença médica e demissão – foram avaliadas como negativas. As empresas parecem
não possuir políticas e práticas antiassédio moral no trabalho. O período de licença médica foi envenenado pelo
coping antecipatório. Os trabalhadores demitidos, ainda doentes, estavam enfrentando dificuldades econômicas.



Resumo Inglês:

Background: Return to work after mobbing is an occupational health problem. Objective: To analyze mobbing
victim’s trajectory and perceptions. Methods: Qualitative research with 13 cases treated in the Occupational
Health Service of Hospital das Clínicas of Faculdade de Medicina of Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.
Data were collected in 2007 and 2008, via 26 semi-structured interviews. Content analysis of interviews was performed.
Results: Sociodemographic characteristics: 67% females, ages between 29 and 55 years, 94% Caucasian,
50% married, 61% with children, 61,2% below college level, 67% São Paulo natives, 67% from private organizations,
different economic activities branches and jobs. After 1 year, 47% returned to work, 38% were still on sick leave
and 15% were dismissed. Return to work was: in the same company and during stability (100%), in the same sector
and job (50%), with different tasks (83%). Mobbing diminished 50%; 80% evaluated return to work negatively;
50% had their health treatments obstructed; 100% had health outcomes, resulting on sick leaves from 6 months
to 5 years and 50% had work-relatedness recognized. The main activities during sick leave were: health treatment,
domestic chores and permanency at home (85%). Conclusions: The three situations – return to work, sick leave
and dismissal – were evaluated as negative. The companies seem to lack mobbing policies and practices. Sick
leave period was poisoned by anticipatory coping. Dismissed workers, still ill, were facing economic hardship.