Alucinações musicais associadas a perda auditiva

Arquivos De Neuro-Psiquiatria

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Início Publicação: 31/05/1943
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Medicina

Alucinações musicais associadas a perda auditiva

Ano: 2011 | Volume: 69 | Número: 2
Autores: Tanit Ganz Sanchez, Savya Cybelle Milhomem Rocha, Keila Alessandra Baraldi Knobel, Márcia Akemi Kii, Rosa Maria Rodrigues dos Santos, Cristiana Borges Pereira
Autor Correspondente: Tanit Ganz Sanchez | [email protected]

Palavras-chave: alucinações musicais, alucinações auditivas, perda auditiva, surdez

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Apesar das alucinações musicais causarem grandes repercussões na vida dos pacientes, sempre foram pouco valorizadas e estudadas pelos profissionais. Alguns investigadores sugerem uma combinação de disfunções periféricas e centrais como o mecanismo causador das alucinações. A fisiopatologia mais aceita entre os pesquisadores de alucinação musical associada à hipoacusia ou anacusia (causada por lesão coclear, de nervo coclear ou interrupção de informação na ponte ou mesencéfalo) é a desibinição de circuitos de memória auditiva devido à deprivação sensorial. Em relação às áreas corticais envolvidas na alucinação musical, há evidência de que um mecanismo excitatório no córtex temporal superior, como nas epilepsias, seja responsável pela alucinação musical. Finalmente, considerando a lateralidade, estudos funcionais de percepção e imagética em indivíduos normais mostraram que canções com letras levam a ativação temporal bilateral e melodias ativam apenas o lobo temporal direito. É bem documentado o efeito de aparelhos auditivos na alucinação musical através de uma melhora da perda auditiva. Neurolépticos, antidepressivos e anticonvulsivantes têm sido usados no tratamento de alucinação musical na experiência clínica, mas não há eficácia comprovada na maioria dos casos. Há casos descritos na literatura com melhora das alucinações musicais com uso de carbamazepina, meclobemide e donepezil, entretanto sem resultados consistentes.



Resumo Inglês:

In spite of the fact that musical hallucination have a significant impact on patients’ lives, they have received very little attention of experts. Some researchers agree on a combination of peripheral and central dysfunctions as the mechanism that causes hallucination. The most accepted physiopathology of musical hallucination associated to hearing loss (caused by cochlear lesion, cochlear nerve lesion or by interruption of mesencephalon or pontine auditory information) is the disinhibition of auditory memory circuits due to sensory deprivation. Concerning the cortical area involved in musical hallucination, there is evidence that the excitatory mechanism of the superior temporal gyrus, as in epilepsies, is responsible for musical hallucination. In musical release hallucination there is also activation of the auditory association cortex. Finally, considering the laterality, functional studies with musical perception and imagery in normal individuals showed that songs with words cause bilateral temporal activation and melodies activate only the right lobe. The effect of hearing aids on the improvement of musical hallucination as a result of the hearing loss improvement is well documented. It happens because auditory hallucination may be influenced by the external acoustical environment. Neuroleptics, antidepressants and anticonvulsants have been used in the treatment of musical hallucination. Cases of improvement with the administration of carbamazepine, meclobemide and donepezil were reported, but the results obtained were not consistent.