O jarê é uma religião de matriz africana existente somente na Chapada Diamantina, Bahia. Esse artigo parte da consideração da participação de fiéis de uma religião que já foi concebida como tipicamente rural em circuitos que uma perspectiva extrínseca consideraria serem estranhos ao jarê, envolvendo plateias mais amplas e experiências para as quais não teriam precedentes. De um lado, percebe-se como em seu próprio surgimento o jarê já aparece como um desenvolvimento negociado com muitas outras forças em ação, conciliando movimentos de agitação e de placidez. De outro, nota-se como o povo do jarê continua a ocupar papeis de protagonismo nos processos contemporâneos, ativamente buscando ou rejeitando as posições em que é colocado e se coloca, produzindo da melhor forma possível as condições para que continue a realizar as cerimônias que são partes essenciais de suas vidas.
Jarê is an African-based religion that exists only in the Chapada Diamantina, a region in the state of Bahia, Northeast Brazil. This text considers the participation of adepts of a religion formerly conceived as typically rural in circuits that an extrinsic perspective would view as alien to jarê, involving wider experiences and audiences to which they would have no precedent. On the one hand, it is made clear how in its own inception jarê already appears as a negotiated development with several other potencies in action, reconciling movements of upheaval and serenity. On the other, one notices how the jarê faithful keep occupying positions of leadership in contemporary processes, actively looking for or rejecting roles in which it is put and puts itself, enacting in the best way possible the conditions necessary to their ceremonies.