“Surto importado”: migrações de crise no Brasil na década de 2010

Revista Equatorial

Endereço:
Campus Universitário, CCHLA - Departamento de Antropologia - Lagoa Nova
Natal / RN
59.072-970
Site: http://periodicos.ufrn.br/equatorial
Telefone: (84) 3342-2240
ISSN: 2446-5674
Editor Chefe: Angela Facundo Navia
Início Publicação: 31/07/2013
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

“Surto importado”: migrações de crise no Brasil na década de 2010

Ano: 2020 | Volume: 7 | Número: 12
Autores: SANTOS DA COSTA MAIA, A. C., AZIZE, R. L.
Autor Correspondente: SANTOS DA COSTA MAIA, A. C | [email protected]

Palavras-chave: Migração; Refúgio; Saúde; Nação.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo discute aspectos da economia da distribuição da diferença entre migrantes chegados ao Brasil a partir de dois casos emblemáticos da década de 2010: os haitianos e os venezuelanos. O material empírico são reportagens jornalísticas sobre a chegada desses migrantes no país, nas quais são veiculadas percepções de gestores, políticos, organismos internacionais/ONGs e da própria população brasileira, com foco especial em supostos riscos que estes fluxos migratórios oferecem à saúde no Brasil. Tanto o fluxo de haitianos como o de venezuelanos no país - que atingiram seu auge em momentos distintos, mas que guardam entre si similaridades - são “bons para pensar” a produção de fronteiras simbólicas a partir da mobilização de alguns marcadores da diferença presentes na construção da imagem desses migrantes. A associação de determinadas nacionalidades e determinadas patologias e metáforas de perigo acionadas na descrição do maciço fluxo de migrantes - “invasão”, “colapso”, "catástrofe” - constituem um ponto de inflexão, a partir sobretudo do caso venezuelano, na construção de um discurso hegemônico sobre o Brasil como acomodador exemplar de diferenças raciais, étnicas e culturais.



Resumo Inglês:

This paper aims to analyze the economy of distribution of differences among migrants in Brazil in the 2010’s. To that end, we analyze the case of the Haitians and Venezuelans. The empirical material consists of news reports regarding the arrival of these people in Brazil, in which perceptions of policy makers, politicians, NGOs and Brazilians themselves are shown, especially the ones focusing on alleged risks that these migrants bring to health in Brazil. Both the Haitian and Venezuelan flows in the country are good empirical examples of the production of symbolic boundaries constructed within the image of these migrants. The association between some nationalities and certain pathologies, along with the metaphors of danger used when describing the mass of migrants - “invasion”, “collapse”, “catastrophe” – constitute a turning point in the construction of a hegemonic discourse about Brazil as an exemplary accommodator of racial, ethnic and cultural differences.



Resumo Espanhol:

Este artículo analiza aspectos de la economía de la distribución de la diferencia entre los migrantes que llegan a Brasil a partir de dos casos emblemáticos de la década de 2010: los haitianos y los venezolanos. El material empírico analizado son informes periodísticos sobre la llegada de estos migrantes al país, en los que se transmiten las percepciones de los gerentes, políticos, organizaciones internacionales/ONGs y la población brasileña, con un enfoque especial en los supuestos riesgos que estos flujos migratorios ofrecen a la salud en Brasil. Tanto el flujo de haitianos como de venezolanos en el país, que alcanzaron su punto máximo en diferentes momentos, pero que tienen similitudes entre ellos, son "buenos para pensar" en la producción de fronteras simbólicas basadas en la movilización de algunos marcadores de diferencia presentes en la construcción de la imagen de estos migrantes. Con base en la observación de una repetición en los informes de cierta retórica asociada con el peligro para la salud que estas poblaciones representarían, buscamos analizar la dimensión del contagio que se refleja en estas referencias a patologías y metáforas de peligro desencadenadas en la descripción del flujo masivo de migrantes. Los términos elegidos para calificar la llegada de estas personas al país - "invasión", "colapso", "catástrofe" - constituyen un punto de inflexión, especialmente del caso venezolano, en la construcción de un discurso hegemónico sobre Brasil como un acomodador ejemplar de diferencias raciales, étnicas y culturales.