“Aqui a gente planta em família”: notas sobre a relação entre família e a lavoura de soja em assentamentos rurais do meio norte de Mato Grosso
ACENO - Revista de Antropologia do Centro-Oeste
“Aqui a gente planta em família”: notas sobre a relação entre família e a lavoura de soja em assentamentos rurais do meio norte de Mato Grosso
Autor Correspondente: Cristiano Desconsi | [email protected]
Palavras-chave: família, redes, soja, assentamentos rurais.
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a relação entre família e exploração agrícola em assentamentos do meio norte do Mato Grosso. A reflexão baseia-se em dados etnográficos obtidos em assentamentos rurais entre 2008 e 2014 cujas terras estão, atualmente, totalmente ocupadas por lavouras de soja, não se diferindo, do ponto de vista da ocupação física do espaço, das grandes explorações agrícolas. Inspirando-se na noção de “rede”, descreve-se um caso concreto a fim de demonstrar como os assentados ativam os familiares e, por vezes, os vizinhos para plantar soja e, por meio destes, mobilizam (ou tentam mobilizar) os recursos necessários para tal, produzindo e reproduzindo obrigações entre si. Por essa via, tanto se definem aproximações e distanciamentos entre membros “da família”, bem como se constituem composições de áreas para implantar lavouras, transcendendo os limites do lote individual, além de estabelecer, manter ou alterar hierarquias sociais entre os envolvidos.
Resumo Inglês:
This article aims to reflect on the relationship between family and agricultural exploitation in settlements in the northern part of Mato Grosso. The reflection is based on ethnographic data obtained in rural settlements between 2008 and 2014 whose lands are currently fully occupied by soybean crops, which do not differ, from the point of view of the physical occupation of space, of large agricultural holdings. Inspired by the notion of “network”, a concrete case is described in order to demonstrate how the settlers activate family members and, sometimes, neighbors to plant soybeans and, through them, mobilize (or try to mobilize) resources necessary, producing and reproducing obligations among themselves. In this way, both approximations and distances between members of the "family" are defined, as well as compositions of areas for planting crops, transcending the limits of the individual lot, in addition to establishing, maintaining or changing social hierarchies among those involved.
Resumo Espanhol:
Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre la relación entre la explotación familiar y agrícola en los asentamientos en la parte norte de Mato Grosso. La reflexión se basa en datos etnográficos obtenidos en asentamientos rurales entre 2008 y 2014 cuyas tierras están actualmente totalmente ocupadas por cultivos de soja, que no difieren, desde el punto de vista de la ocupación física del espacio, de las grandes explotaciones agrícolas. Inspirado por la noción de "red", se describe un caso concreto para demostrar cómo los colonos activan a los miembros de la familia y, a veces, a los vecinos para plantar soja y, a través de ellos, movilizan (o intentan movilizar) recursos necesarias, produciendo y reproduciendo obligaciones entre ellos. De esta manera, se definen tanto las aproximaciones como las distancias entre los miembros de la "familia", así como las composiciones de las áreas para plantar cultivos, trascendiendo los límites del lote individual, además de establecer, mantener o cambiar las jerarquías sociales entre los involucrados.
Resumo Francês:
Cet article vise à réfléchir sur la relation entre l'exploitation familiale et l'exploitation agricole dans les colonies de la partie nord du Mato Grosso. La réflexion s'appuie sur des données ethnographiques obtenues dans les établissements ruraux entre 2008 et 2014 dont les terres sont actuellement entièrement occupées par les cultures de soja, qui ne diffèrent pas, du point de vue de l'occupation physique de l'espace, des grandes exploitations agricoles. Inspiré par la notion de «réseau», un cas concret est décrit afin de montrer comment les colons activent les membres de la famille et, parfois, les voisins pour planter du soja et, à travers eux, mobilisent (ou tentent de mobiliser) les ressources nécessaires, produisant et reproduisant des obligations entre eux. De cette façon, les approximations et les distances entre les membres de la "famille" sont définies, ainsi que les compositions des zones de plantation des cultures, transcendant les limites du lot individuel, en plus d'établir, de maintenir ou de modifier les hiérarchies sociales parmi les personnes impliquées.