É preciso se transformar em outro para ser tu mesmo: educação Kaingang e políticas afirmativas para ingresso no ensino superior

Revista Mundaú

Endereço:
Avenida Lourival Melo Mota - S/n - Tabuleiro do Martins
Maceió / AL
57072-900
Site: http://www.seer.ufal.br/index.php/revistamundau
Telefone: (82) 3214-1322
ISSN: 2526-3188
Editor Chefe: Silvia Aguiar Carneiro Martins
Início Publicação: 01/12/2016
Periodicidade: Bianual
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

É preciso se transformar em outro para ser tu mesmo: educação Kaingang e políticas afirmativas para ingresso no ensino superior

Ano: 2020 | Volume: 1 | Número: 9
Autores: Geórgia de Macedo Garcia
Autor Correspondente: Geórgia de Macedo Garcia | [email protected]

Palavras-chave: Educação, Xamanismo, Políticas Afirmativas, Povo Kaingang

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Esse artigo busca compreender a educação a partir de um processo de transformação junto a todos os seres do cosmos, a partir da episteme do Povo Kaingang e do conceito êg jykre. A etnografia traz formas de ensinar e aprender que acontecem no caminhar entre as instituições de ensino superior e os territórios indígenas junto a mulheres estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e três kujá (pajés) Kaingang. O esforço etnográfico está em perceber uma educação que acontece na relação com a instituição de ensino superior (aqui pensada como um ser com a marca clânica kamē) a partir das abordagens da Antropologia da Aprendizagem e da Ciência Kaingang, que possui uma episteme organizada em noções duais de conhecimento, embasada nas marcas clânicas Kamē e Kanhru, também chamadas de rá tẽj e rá ror. Assim, aprender está relacionado às ideias de complementariedade e captura de alteridades potentes. Para tanto, também trago a categoria tãn e a compreensão da humanidade e da potência que perpassa todos os seres do cosmos. Com isso, pretendo contribuir para as reflexões sobre as políticas afirmativas desde uma perspectiva do encontro de diferentes ciências.



Resumo Inglês:

This article seeks to understand education based on a transformation process along with all beings from the cosmos, from the Kaingang People's episteme and the êg jykre concept. Ethnography brings ways of teaching and learning that take place while walking between the higher education institutions and the indigenous territories along with female students at the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS) and three Kaigang kujás (shamans). The ethnographic effort is to perceive an education that takes place in the relationship with the higher education institution (here, thought as a being with the clan mark kamē) from the approaches of Anthropology of Learning and Kaingang Science, which has an episteme organized on dual notions of knowledge, based on the clan marks Kamē and Kanhru, also called rá tẽj and rá ror. Thus, learning is related to the ideas of complementarity and the capture of potent alterities. To this end, I also bring the tãn category and the understanding of humanity and the power that pervades all beings in the cosmos. Hence, I intend to contribute to the reflections regarding affirmative actions from a perspective of the encounter of different sciences.



Resumo Espanhol:

Este artículo pretende comprender la educación desde un proceso de cambio junto con todos los seres del cosmos, desde la episteme del pueblo kaingang y del concepto êg jykre. La etnografía trae formas de enseñar y aprender que se dan en el camino por las instituciones de la enseñanza superior y los territorios indígenas, junto con mujeres estudiantes de la Universidad Federal de Rio Grande do Sul y tres kujá (chamanes) kaingang. El esfuerzo etnográfico está en percibir una educación que se produce en la relación con la institución de enseñanza superior (aquí pensada como si fuera un ser con la marca clánica Kamê) abordada desde la antropología del aprendizaje y de la ciencia kaingang, que tiene una episteme organizada en nociones duales de conocimiento, basada en las marcas clánicas Kamê y Kanhru, también conocidas como rá tẽj e rá ror. Así, el hecho de aprender está vinculado a las ideas de complementariedad y potentes alteridades. Por lo tanto, también se aporta la categoría tãn y la comprensión de la humanidad y de la potencia que sobrepasa a todos los seres del cosmos. Con ello, pretendo contribuir en las reflexiones de políticas afirmativas desde una perspectiva del encuentro de diferentes ciencias.



Resumo Francês:

L’objectif de cet article est comprendre l'éducation à partir d’un processus de transformation avec tous les êtres du cosmos, basé sur l'épistème du peuple Kaingang et le concept de êg jykre. L'ethnographie apporte des formes d'enseignement et d'apprentissage qui se déroulent en marchant entre les établissements d'enseignement supérieur et les territoires autochtones avec des étudiantes de l'Université fédérale de Rio Grande do Sul (UFRGS) et trois kujás Kaigang (chamans). L'effort ethnographique est de percevoir une éducation qui se déroule dans la relation avec l'établissement d'enseignement supérieur (ici, pensé comme un être avec la marque clanique kamē) à partir des approches de l'Anthropologie de l'Apprentissage et de la Science Kaingang, qui a une épistèmè organisée sur des notions de connaissance, basées sur les marques claniques Kamē et Kanhru, également appelées rá tẽj et rá ror. Ainsi, l'apprentissage est lié aux idées de complémentarité et de capture d'altérités puissantes. À cette fin, j'apporte également la catégorie tãn et la compréhension de l'humanité et du pouvoir qui imprègne tous les êtres du cosmos. Ainsi, j'ai l'intention de contribuer auxréflexions sur les actions positives dans une perspective de rencontre de différentes sciences.