Contextualizações estéticas e históricas em Mulheres de cinzas de Mia Couto


Contextualizações estéticas e históricas em Mulheres de cinzas de Mia Couto

Ano: 2020 | Volume: 14 | Número: 1
Autores: Cleonice Alves Lopes Flois
Autor Correspondente: Cleonice Alves Lopes Flois | [email protected]

Palavras-chave: Identidades, Cultura, Modo de narrar

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste estudo apresento um recorte do romance Mulheres de Cinzas, do escritor moçambicano Mia Couto apresentando seu modo de narrar capaz de construir personagens com identidades em deslocamentos constantes. Isso traz à tona reflexões quanto à emergência de hibridismos em momentos de transformação histórica como o que ocorre na narrativa. Os aspectos identitários das personagens levam a refletir acerca do processo de construção do indivíduo, em que a relação que ele estabelece com a sociedade e com sua identidade, mesmo que na busca pela definição dela, é mediada pela cultura. Ao colocar cada sujeito num local em que já está inserido seja pelo vínculo de nascimento ou de identificação os coloca também entre dois mundos sem saber qual é o seu lugar nem quais são suas identidades nessa fronteira. Pelo fato dos deslocamentos irem além do geográfico, o conceito de subjetividade desterritorializada está presente na obra como deslocamento do eu, do indivíduo que emigra para outro país e precisa assumir o modo de vida daquele povo. Isso, porém, acontece até certo ponto, pois esse indivíduo não aceita essa unicidade que a cultura do outro lhe impõe e busca se compor enquanto ser singular num movimento de desterritorialização e reterritorialização.



Resumo Inglês:

In this study I present a snippet of the novel Mulheres de Cinzas, by the Mozambican writer Mia Couto presenting his narration mode capable of constructing characters with identities in constant displacements. This brings to light reflections on the emergence of hybridity in moments of historical transformation such as occurs in the narrative. The identity aspects of the characters lead to reflection on the process of subject's construction, in which the relationship he establishes with society and with its identity, even in the search for its definition, is mediated by culture. Placing each subject in a position where it is already inserted by the bond of birth or identification, it also places them between two worlds without knowing what their location is or what their identities are at that border. Because the displacements go beyond the geographical, the deterritorialized subjectivity concept is in the work as a displacement of the self, of the individual who migrates to another country and who needs to assume the lifestyle of that people. This, however, happens to a certain extent, since this subject does not accept this oneness that the culture of the other imposes on him and seeks to compose himself as a singular subject in a movement of deterritorialization and reterritorialization.