Diante dos crescentes debates sobre repatriação museológica e a reticência de museus europeus quanto a isso, esta pesquisa tem como objetivo analisar criticamente através da Teoria Pós-Colonial, e por meio da análise de documentos, a suposta universalidade do patrimônio anunciada na Declaration on the importance and value of universal museums, lançada em 2002. Questionando esta característica proposta pelos museus signatários, pergunta-se: seria a conservação do patrimônio um valor ocidental? Posto isto, a hipótese testada é que o documento em questão é uma invocação à manutenção colonial ocidental. Composto por três seções, o artigo apresenta conceitos inseridos no museu, como memória e patrimônio, para compreender como seus significados estão intimamente ligados ao Eurocentrismo, através de normas referentes ao espaço e que podem ser exemplificadas pelo documento previamente citado. Ademais, são utilizadas recomendações feitas pela UNESCO a fim de explicar como a universalidade da normatização patrimonial e museológica é validada por esses espaços ocidentais, assim como analisar os pedidos de repatriação de peças museológicas como um desafio ao sistema internacional. Por fim, o objetivo aqui proposto não é apresentar uma resposta final a esta agenda, mas sim trazer à luz e problematizar, dentro da área de Relações Internacionais, a importância deste debate.
In face of the rising debate about museological repatriation and the European museums reluctance at the subject, this research has as a goal the critical analysis throughout Postcolonial Theory, and by document analysis the justification about an alleged patrimonial universalism, proclaimed by the Declaration on the importance and value of universal museums, released in 2002. Questioning this characteristic proposed by signatories’ museums, I wonder: would the conservation of heritage be a Western value? Therefore, the hypothesis worked here is that the document previously mentioned is an invocation for a Western colonial maintenance. Structured by three sections, this article presents concepts that are within the museum, as memoir and heritage, to comprehend how their meanings are intimately linked to Eurocentrism. Furthermore, recommended documents by UNESCO are used to explain how this universalistic heritage and museological norm is valid though these Western spaces, as well as analyzing heritage requests as a challenge for the International System. At last, the aim is not present a final answer for this agenda, but highlight and discuss, within the field of International Relations field, the importance of this debate.