O desastre socioambiental de Mariana e a degradação ao meio ambiente como prática neutralizada
Boletim IBCCRIM
O desastre socioambiental de Mariana e a degradação ao meio ambiente como prática neutralizada
Autor Correspondente: Jádia Larissa Timm dos Santos | [email protected]
Palavras-chave: desastre socioambiental de Mariana, degradação ao meio ambiente , políticas de fiscalização
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
No mesmo instante em que este artigo é lido, em algum lugar da costa norte da Sibéria grandes corporações estão trabalhando para extrair gás natural e petróleo do permafrost. (1) Do ponto de vista da lógica mercantil, trata-se de prática econômica aceita, que objetiva disponibilizar, por meio da comodificação, os recursos naturais que são necessários para a vida das pessoas nos dias atuais – produção de energia e combustível. Por outro lado, os resultados (não só) ambientais advindos do derretimento do permafrost, constituem problemas graves, como a liberação de gás metano ─ muito mais nocivo que o CO2 ─, inundações e desmoronamentos, contaminação da água e a ameaça do retorno de doenças até então extintas, devido ao ressurgimento de vírus e bactérias com o processo de derretimento. Esse exemplo serve para ilustrar o que está no âmago da criminologia verde: a compreensão da lógica capitalista como (re)produtora de degradação ao meio ambiente, em que uma “racionalidade hegemônica” considera a Terra fonte inesgotável de recursos e cria um “processo contínuo de obsolescência programada” (SOUZA, 2016). O atual modelo de desenvolvimento cria, portanto, um “mito inconsistente” de que crescimento econômico, conduzido sob quaisquer circunstâncias – inclusive às custas do meio ambiente – conduzirá ao progresso, à prosperidade e ao desenvolvimento social (TAIBO, 2011). Sob essa lógica, práticas que geram danos ambientais e socioambientais são toleradas e neutralizadas.