Este breve ensaio tem por objetivo analisar as dimensões éticas das polÃticas de ação afirmativa (para a população negra) que tenham referência à justiça como reconhecimento do outro, seu valor central. Pretende-se, aqui, apresentar de forma limitada alguns apontamentos e questionamentos que dizem respeito à tematização das polÃticas de ação afirmativa na problemática da desigualdade racial no Brasil. Trata-se de um esboço inicial, já que à medida que a temática da questão racial avança, consolida-se a necessidade do debate sobre o reconhecimento ético do combate ao racismo e de todas as formas de desigualdades raciais. Em linhas gerais, a ação afirmativa deve ser entendida como todo e qualquer esforço de promoção da igualdade dos grupos que sofrem ou são vulneráveis à discriminação. No entanto, não tratamos o tema da igualdade racial como significado de justiça de forma automática, trata-se aqui da necessidade do reconhecimento do outro como uma dimensão ética fundamental. Nesse sentido, tomamos como referência o pensamento da alteridade de Emmanuel Levinas, no qual nos deparamos com a centralidade do sentido ético e da própria interpelação da alteridade na busca da justiça.