Resumo Português:
Consoante o postulado semiológico da economia enunciativa, à semelhança do que se passa na esfera econômica, há um mercado de natureza simbólica onde os discursos são produzidos, postos em circulação e apropriados ou reconhecidos. Nesse contexto, algumas palavras, expressões ou metáforas se convertem em verdadeiras senhas imprescindíveis para o ingresso nas discussões relativas a uma determinada época e contexto. Atualmente, encontramos, dentre outras, a metáfora Sociedade de Informação que, apesar de continuar devedora em suas pretensões explicativas e conceituais, continua suscitando importantes reflexões a respeito do futuro que estaria reservado ao homem. Em especial, levando-se em condideração as intervenções radicais das ciências e das tecnologias praticamente sobre todas as instâncias sociais. Grande parte dessas reflexões ainda costuma analisar a tecnociência como potência diabólica, responsável tanto pelo esquecimento do ser[1], como pela desvirtuação da identidade. Mas, afinal de contas, teria mesmo a idendidade nascido pronta, como fruto de uma matriz da perfeição? Ou, ao contrário, tratar-se-ia de alguma coisa indefinida, cuja realização (sempre inacabada) estaria na própria errância do ser, em sua constante e complexa reinvenção da aparência?
[1] Sobre estas visões proféticas, cf. autores mais recentes, mas sem perder de vista as reflexões desenvolvidas por Husserl e Heidegger, que, em última instância, interpretaram a tecnociência como potência diabólica, ameaçadora, entidades responsáveis pelo esquecimento do ser.